Kaique: Identidade, Música e Resiliência no IS WE Podcast

O episódio mais recente do IS WE Podcast trouxe uma conversa emocionante com Kaique, ou @kaiqueoponto, artista multifacetado que está deixando sua marca no cenário musical e cultural brasileiro. Entre histórias de vida, desafios e conquistas, Kaique compartilhou sua trajetória como cantor, compositor, ator e mais. Este bate-papo foi uma verdadeira lição de superação e criatividade.

Quem é Kaique?

Kaique vem da Zona Oeste do Rio de Janeiro, especificamente Praça Seca, próximo ao lendário bairro de Madureira. Criado em uma família humilde, ele teve uma infância marcada por influência de estilos musicais variados. Sua avó trouxe o sertanejo tradicional de Minas Gerais, enquanto sua mãe era apaixonada pelo funk e pelo pop internacional. Já o pai, um amante do rock, apresentou Kaique a bandas como Nirvana e Sublime. Esse ecletismo musical ajudou a moldar a identidade artística única de Kaique.

Desde pequeno, Kaique demonstrou enorme curiosidade pela música. Crescendo sob diferentes sons e culturas, ele rapidamente percebeu que a música seria seu refúgio e expressão pessoal. A infância e adolescência, no entanto, não foram fáceis. Enfrentando questões de identidade e períodos de solidão, foi no violão do tio que encontrou um canal para se reconectar consigo mesmo, transformando o que era dor em arte.

As múltiplas influências que moldaram Kaique

Kaique revelou como a mistura de gêneros em sua criação ajudou a moldar sua visão artística. Em sua juventude, era fã da MTV e exposições musicais como TVZ, ambientes que o ajudaram a descobrir bandas e estilos que iam do punk rock ao funk 2000. Ele citou momentos marcantes, como assistir ao clipe “Smells Like Teen Spirit”, do Nirvana, algo que impactou profundamente suas perspectivas sobre a música como uma ferramenta de expressão autêntica.

As referências de Kaique passam por movimentos de contracultura e gêneros diversos. Apesar de começar no punk, explorou o funk carioca e, eventualmente, se encontrou no trap, estilo que ele acredita oferecer versatilidade incomparável. Ele destaca que o trap, assim como o rock em épocas passadas, permite infinitas experimentações, mesclando elementos de diferentes gêneros e trazendo autenticidade para o público.

A música como ferramenta de transformação

Kaique enxerga a música como algo muito maior do que entretenimento. Para ele, a arte tem o poder de salvar vidas, e sua própria jornada é prova viva disso. Desde os primeiros passos tímidos com violão até seu papel como pioneiro em espaços que antes eram inacessíveis para homens trans, a música sempre foi um instrumento de empoderamento.

Ele relembra sua entrada no universo artístico, enfrentando preconceitos e inúmeras barreiras. No entanto, acredita que sua experiência pessoal inspira outros jovens que buscam um espaço de pertencimento no universo musical e além. Assim, Kaique carrega um compromisso: usar sua arte para abrir portas para outros artistas trans e das periferias, oferecendo visibilidade e oportunidades.

Furar bolhas e experimentar com sons

Embora tenha começado no funk, Kaique percebeu que precisava de mais liberdade para explorar sua criatividade. Foi aí que o trap entrou na sua vida, oferecendo a flexibilidade necessária para experimentar novos sons. Hoje, ele trabalha em um álbum chamado Me Chame Pelo Meu Nome, agregando colaborações com outros artistas incríveis, como Mc Lulu, Winnit e AB Shart.

Esse álbum não só mistura trap com influências do jazz e afrobeat, mas também carrega uma mensagem poderosa de identidade e pertencimento. Segundo Kaique, a ideia surgiu de uma frase persistente que ouviu durante ataques de ódio online: “me chame pelo meu nome”. Transformar uma experiência negativa em arte reflete seu talento em transformar desafios em ferramentas de impacto positivo.

Arte, coragem e parceria com a comunidade trans

Kaique é um grande defensor da integração e empoderamento da comunidade trans na arte. Ele busca romper estigmas e promover o talento de artistas trans em um cenário mais amplo. Para ele, nomes dentro da comunidade têm potencial para competir e brilhar em qualquer mercado musical, e sua intenção é evidente: criar espaços iguais para todos.

Seus futuros projetos incluem colaborações marcantes, e Me Chame Pelo Meu Nome promete ser um marco importante, não apenas musicalmente, mas socialmente.

Dicas para quem está começando

No conselho aos aspirantes a músicos, Kaique é enfático: comece com o que você tem. Não espere condições perfeitas, pois, no início, é preciso improvisar e aprender a criar com o que está ao seu alcance. Ele reforça que a arte nunca teve barreiras para quem realmente tem paixão. Se você acredita no seu talento, siga em frente.

Outro ponto crucial levantado é sobre a experimentação. Seja improvisando com um violão velho ou criando batidas num aplicativo gratuito, o importante é entrar em ação. Afinal, nenhum caminho artístico é linear ou previsível, mas a persistência é a chave para superar obstáculos.

A importância de dar espaço à representatividade

Para Kaique, a música vai além dos rótulos. Enquanto algumas mídias insistem em taxar artistas trans e limitá-los a bolhas específicas, ele quer furar essas bolhas e mostrar que são artistas, antes de qualquer definição externa. Seu objetivo principal é que o público julgue sua música pela qualidade, e não pela identidade.

Kaique acredita que trazer o protagonismo para artistas trans em projetos de destaque cria novas perspectivas para o mercado musical e cultural no Brasil. É sobre realizar a mudança que ele deseja ver.

Uma mensagem final

Kaique, em tom fervoroso, reiterou a importância de viver pela arte e pelo impacto que ela pode gerar: “A arte não é um luxo, é uma necessidade humana para sobreviver nesse mundo louco. Deixem suas ideias fluírem, sejam autênticos. O mundo precisa ouvir sua história.”

Você pode acompanhar Kaique nas redes sociais pelo Instagram, TikTok e YouTube, buscando por @kaiqueoponto. Sua música está disponível nas principais plataformas de streaming. E se precisar de um impulso, comece escutando o último single Pode Confiar, que é uma verdadeira explosão de energia.

Prepare-se, porque 2025 promete ser o ano de Me Chame Pelo Meu Nome!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *