Clemente Tadeu: A Voz do Punk Rock Nacional
No universo da música brasileira, alguns nomes ecoam com a força de décadas de história. Clemente Tadeu, integrante de bandas icônicas como Inocentes e Plebe Rude, carrega nas costas uma trajetória cheia de conquistas, desafios e muita autenticidade. Neste bate-papo, ele compartilha sua origem, o nascimento da cena punk no Brasil e a importância de continuar criando e resistindo.
As Raízes de Clemente
Logo de cara, Clemente revela que o gosto pelo rock surgiu cedo, quando ainda era um garoto na periferia de São Paulo. “Eu comecei ouvindo rock dos anos 50: Little Richard, Chuck Berry…”, conta ele, com um brilho nostálgico. Seu fascínio pela música o levou a explorar tudo o que estava disponível na época, desde os filmes da madrugada até programas de rádio. Aos 13 ou 14 anos, conheceu Douglas Viscaino, guitarrista do Resto de Nada – a banda pioneira do punk nacional.
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Foi nesse contexto que Clemente aprendeu a tocar guitarra e a explorar a energia crua de um novo estilo ainda sem nome. Sua vivência na periferia trouxe influências que refletiam a luta diária e a vontade de gritar contra injustiças: elementos essenciais que definem o punk rock.
O Surgimento do Punk no Brasil
Nos anos 70, o punk começou a se formar como resposta a um sentimento de exclusão. Jovens, como o próprio Clemente, não se viam representados pelo rock progressivo complexo ou pelo hard rock elitista. Isso abriu espaço para algo mais direto, enérgico e acessível.
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Clemente relembra como ele e outros jovens começaram a montar as primeiras bandas de punk no Brasil, como Resto de Nada e, depois, Inocentes. Sem locais próprios, organizavam shows em salões alugados e clubes de bairro. A juventude periférica começava a encontrar na música uma forma de expressão única, criando algo novo em um mundo marcado pela censura da ditadura militar.
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E assim nascia um movimento. A partir de 1980, festivais como o “Grito Suburbano” ajudaram a consolidar o cenário punk paulistano, com bandas como Cólera, Olho Seco e Inocentes ganhando destaque.
A Evolução Musical
Sempre inquieto, Clemente buscava novas sonoridades e desafios. Após o Resto de Nada, ele formou o Condutores de Cadáver, banda de pegada mais pesada, que abriu espaço para sua terceira banda: Os Inocentes. Ele menciona como cada grupo reflete momentos diferentes de sua vida e do cenário musical.
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Os Inocentes evoluíram para uma sonoridade mais refinada e ficaram marcados na história do punk nacional. Com letras críticas, a banda enfrentou de frente os desafios impostos pela censura. “A gente mandava a letra; era vetada. Mudava parte… Tentava de novo”, explica Clemente sobre a luta por espaço na época.
Clemente na Plebe Rude
Em 2004, Clemente assumiu os vocais e a guitarra da Plebe Rude, outra banda fundamental do rock nacional. Ele relembra como o convite veio de encontros e projetos paralelos com membros da banda. A integração foi natural, já que Plebe e Inocentes compartilham a mesma essência: músicas que questionam e provocam, com base no punk e no peso do rock.
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O Artista Multitarefa
Além de ser músico, Clemente é também DJ, apresentador e comunicador. Ele fala sobre sua experiência como DJ, onde mistura gêneros para animar pistas, e seu trabalho em rádios como a KISS FM e, atualmente, a Antena Zero. Com o programa “Filhos da Pátria” e o recém-lançado “Os Belos da Tarde”, Clemente continua promovendo bandas nacionais e mantendo viva a cultura underground.
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Na televisão, ele já assumiu papéis no “Showlivre” e foi jurado no programa “Canta Comigo”, da Record TV. Essa versatilidade, segundo ele, é resultado de anos de dedicação e paixão pela arte.
Projetos Futuros
Os planos não param. Os Inocentes celebram 30 anos da formação atual com relançamentos e shows especiais, incluindo a apresentação no tradicional festival Detal, em setembro. A Plebe Rude, por sua vez, prepara a comemoração de 40 anos do icônico álbum “Concreto Já Rachou”, com shows marcados em todo o Brasil.
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Além disso, Clemente segue ativo com sua agenda de rádio e projetos paralelos, como seu duo experimental com Sandra Coutinho das Mercenárias.
Uma Mensagem para os Fãs
Quando perguntado sobre conselhos, Clemente é direto e honesto: “Realidade é o que importa. Trabalhe muito, mas saiba: pode ser que não dê certo”. Seu tom realista reflete a experiência de quem viu de perto as dificuldades do mundo artístico, mas também celebra os frutos que vêm da perseverança.
A história de Clemente Tadeu é um convite à resistência e à autenticidade. Seja com guitarra em mãos ou no microfone de uma rádio, ele continua influenciando gerações e reafirmando que o punk, assim como sua mensagem de mudança, nunca morre. Acompanhe e celebre esse grande nome da música nacional!