Marcelo Gross: carreira solo, 25 anos de Cachorro Grande e sua paixão pela música
O IS WE PODCAST recebeu um convidado especial para um bate-papo cheio de histórias, curiosidades e reflexões sobre música: Marcelo Gross. Guitarrista, compositor e fundador da banda Cachorro Grande, Gross é uma figura indispensável na cena do rock nacional. Aqui, reunimos os melhores momentos dessa conversa inspiradora.
Marcelo nos contou sobre sua trajetória na música, a influência dos Beatles em sua formação, os desafios da carreira solo, suas colaborações inesquecíveis e os próximos passos para os fãs de seu trabalho.
A semente da música: Beatles, infância e início da paixão
A carreira de Gross teve uma origem marcante. Aos sete anos, ele descobriu a magia dos Beatles em uma festa, onde ouviu o disco “Os Reis do Iê Iê Iê”. Esse foi o ponto de partida para sua obsessão em completar a coleção dos discos da banda inglesa. Assim, nasceu uma paixão pela música que o levou a comprar instrumentos musicais na adolescência, formar bandas e mergulhar no universo musical.
Ele aprendeu bateria, violão e guitarra, sempre estimulado pelo som psicodélico de bandas como Pink Floyd, The Rolling Stones e Led Zeppelin. É curioso como o “garoto Marcelo” trocou colecionar brinquedos para reunir vinis e amadurecer sua musicalidade.
Colaborações que definiram uma trajetória
Antes de formar a Cachorro Grande, Gross teve a oportunidade de trabalhar com Flávio Basso, conhecido como Júpiter Maçã. A parceria começou quando Marcelo foi chamado para ser baterista do álbum “A Sétima Efervescência”. “Flávio era um gênio, sempre conectado aos Beatles”, lembra Gross.
Ademais, ele destaca o impacto que Júpiter deixou na música brasileira, reforçando que festivais como o “Júpiter Day” mantêm vivo o legado desse ícone. Trabalhar ao lado de um artista multifacetado como Júpiter influenciou diretamente sua forma de compor. Essa experiência também plantou as sementes do lado criativo que ele traria mais tarde para a Cachorro Grande e sua carreira solo.
Cachorro Grande: 25 anos de estrada
Fundada em 1999, a Cachorro Grande se transformou em uma das maiores bandas de rock do Brasil. Com influências de rock dos anos 60 e 70, a banda conquistou projeção nacional ao surfar na onda de novos rockstars como The Strokes e Jet. “Na época, a MTV nos alavancou muito”, comenta Marcelo.
Marcelo falou sobre os 25 anos da banda, ressaltando que, apesar do encerramento das atividades em 2019, eles estão de volta para uma turnê especial comemorativa. “É emocionante revisitar nossas músicas e sentir a energia única que só o Cachorro Grande tem. É para os fãs e também para nós, relembrando como tudo começou”, relembra ele. Clássicos como “Sinceramente” e “Dia Perfeito” estão garantidos no repertório.
Além disso, o documentário “A Última Banda de Rock” lançou novos olhares sobre a história da Cachorro Grande e reafirmou a relevância do grupo no cenário musical brasileiro.
Carreira solo: um espaço para novas possibilidades
O trabalho solo de Gross começou oficialmente em 2013, com o álbum “Use o Assento para Flutuar”. Desde então, ele tem explorado sua capacidade de composição e versatilidade, lançando discos como “Chumbo & Pluma”, “Tempo Louco” e “Exilado”. Sua interpretação de hits dos Beatles em formato acústico é um dos momentos mais aguardados por seus fãs nos shows.
Seu último projeto, “Piano, Violão e Gross”, apresenta uma abordagem intimista e destaca o diálogo entre seu violão e o piano de Mari Kerber. Gravado na Biblioteca Pública do Rio Grande do Sul, o EP mostra um lado mais sereno e próximo do artista.
Além disso, o álbum “Gross Roads” reúne sucessos de sua trajetória em uma gravação ao vivo feita no Teatro Túlio Piva, em Porto Alegre. Marcelo revelou que o vinil desse trabalho será lançado em março deste ano, uma novidade empolgante para os colecionadores.
A influência cultural de Gross
Marcelo absorve inspirações além da música. Literatura da geração beat, cinema clássico e até seu amor por colecionar vinis dos Beatles moldam suas composições. Ele acredita que um bom músico também deve ser um bom ouvinte e consumidor de arte.
“Estar atento às obras que você consome reflete diretamente em como você cria seu próprio trabalho”, explica ele. Sua paixão por artistas como Pink Floyd, David Bowie, Chico Buarque e Nelson Cavaquinho evidencia o equilíbrio entre referências nacionais e internacionais.
Mensagens para os novos músicos
Ao ser perguntado sobre conselhos para jovens artistas, Marcelo foi direto: paciência e profundidade. “Sentem, ouçam um disco inteiro, pensem no contexto, prestem atenção. Isso vai refletir no trabalho de vocês”, sugere ele. Com o rock nacional vivendo momentos de mudanças, Gross acredita que o sentimento genuíno e o amor pela arte são essenciais para a autenticidade de qualquer banda ou artista solo.
O que vem por aí
Entre turnês, lançamentos e novos projetos, Marcelo está tão ativo quanto nunca. Além de divulgar o EP “Piano, Violão e Gross”, ele se dedica à turnê dos 25 anos da Cachorro Grande, com shows já programados para o Planeta Atlântida e o Festival de Blues em São Paulo. Seu calendário também inclui o lançamento de novos vídeos de apresentação ao vivo e um livro com 100 letras de suas músicas.
No horizonte, Gross vê a possibilidade de voltar ao modo “compositor” e iniciar novos álbuns para sua carreira solo e, quem sabe, para o futuro da Cachorro Grande.
Conclusão
Marcelo Gross é um exemplo de dedicação, paixão e autenticidade. Em cada nota tocada ou letra escrita, ele nos convida a mergulhar em universos criativos e emocionais. Seja pela Cachorro Grande ou em sua sólida carreira solo, Gross construiu uma das trajetórias mais ricas do rock nacional.
A turnê comemorativa dos 25 anos da Cachorro Grande e os lançamentos como “Gross Roads” e “Piano, Violão e Gross” provam que, mesmo após tantos anos, Marcelo continua inovando e conectando gerações à música verdadeira. Não o perca de vista.